* Lili Artes *

O Natal é um acontecimento religioso e socialmente muito importante para as religiões cristãs, juntamente com a Páscoa. É considerado universalmente como o dia consagrado à reunião da família, à paz, à fraternidade e à solidariedade entre os homens.

O conteúdo está organizado em regiões.

Em todos os países da África as crianças esperam a visita do Papai Noel, que vem da floresta, lugar onde ele vive, trazendo um saco cheio de presentes. As famílias africanas se reúnem à noite, em uma mesa colocada no quintal, para comer e cantar, confraternizando a alegria que o velhinho transmite a todas as pessoas. O Natal também é o momento de comemorar a boa colheita, acendendo uma vela para cada um dos 7 princípios (união, auto-determinação, trabalho coletivo e responsabilidade, economia cooperativa, propósito, criatividade e fé), esta celebração é chamada Kwanzaa.

Por causa da grande influência internacional, o Natal na Índia é o mais cosmopolita do mundo. Os indianos usam na decoração das suas casas vários ornamentos, como as árvores de natal da Alemanha, os enfeites usados na América, os cartões natalinos da Inglaterra, o presépio que foi originado na Itália, entre outros. Por ser um país tropical, com abundância de bananeiras e mangueiras, são essas as árvores que os indianos decoram, e, em alguns lugares, acendem pequenas lanternas de argila ao longo das fachadas e telhados e nas ingrejas utilizam-se velas e uma flor que, embora mexicana, tornou-se a flor do Natal de vários locais: o bico de papagaio, ou pointsettia.

O natal é celebrado com a ceia, onde não pode faltar o conhecido panetone, seguido da missa da meia noite e a abertura dos presentes. As crianças italianas esperam a visita da Befana, uma espécie de feiticeira velha, carregada de presentes. A feiticeira Befana traz sempre consigo um sino para anunciar a sua chegada e uma vara também, para assustar as crianças desobedientes. De acordo com a lenda, Befana negou ajuda aos três Reis Magos, quando estavam indo visitar o menino Jesus em Belém. Cansados e com fome, eles seguiram viagem, sem terem conseguido nada para comer, nem um pouso para descansar. A velha feiticeira, com remorso pela maldade que fez, tentou chamá-los de volta, mas os Reis já estavam longe. Até hoje, Befana vaga no mundo, procurando o menino Jesus, e todo o dia 6 de janeiro, leva presentes para as crianças, comemorando a Epifania, que é o nome que se dá para a visita dos Reis Magos ao menino Jesus.

O aspecto mais importante e que predomina é da festa da família, ocasião para por as desarmonias de lado, voltar ao local de procedência e comemorar com os pais, avós e outros familiares. A comemoração religiosa do Natal começa à meia-noite do dia 24 de dezembro onde celebram o nascimento de Jesus Cristo com a Missa do Galo, voltando após para as suas casas onde se reúnem para a ceia e abrir os presentes.

Os franceses gostam muito do presépio feito geralmente em peças de cerâmica. O Natal francês tem uma característica marcante que é a tradição da reconciliação, as pessoas visitam aqueles com quem tem alguma desavença para pedir perdão, e este ato é brindado com vinho entre as pessoas presentes. Como bons mestres da melhor cozinha, preparam com requinte a ceia de Natal. É comum comer patê de fígado de ganso, uma espécie de embutido de cor branca que se chama "boudin blanc" e peru assado. Como sobremesa, se serve "la bûche de Noel", um pastel em forma de tronco recoberto de chocolate e recheio de creme ou trufa. Mas o Natal Francês não se limita à ceia. Também há o Papai Noel, o "Pere Noel" que anda acompanhado de um outro personagem, o "Pere Fouetard", encarregado de informar ao Papai Noel como foi o comportamento de cada criança durante o ano.

Na Inglaterra as tradições natalinas são levadas muito à sério. Não é à toa, já que o país comemora o natal há mais de 1.000 anos. Presentes de natal, pinheirinhos decorados e músicas natalinas são mais comuns na Inglaterra que em qualquer outro país do mundo, mas são os cartões de Natal a maior criação natalina inglesa. Mas antes que todos sejam servidos, um singelo presentinho descansa sobre os pratos. Parece uma bala em tamanho gigante, feito de papel brilhante. São os famosos crackers! E devem ser aberto por duas pessoas. Cada um segura uma ponta do cracker e puxam em direção oposta. O cracker então se abre, fazendo um pequenino estouro quando a tira explosiva se rompe. Todos os convidados têm direito a um cracker. Dentro de cada cracker há um chapéu de papel, um brinquedo e uma piada ou um ditado.

Os alemães preparam a comemoração do Natal com um mês de antecedência, decorando suas casas com guirlandas, feitas com ramos de abeto (espécie de árvore), acendendo em cada uma quatro velas vermelhas. Cada vela é acesa num domingo que precede o Natal. As crianças acompanham, todos os dias, o calendário do Advento. Os presentes das crianças alemãs são entregues pelo menino Jesus ou Christkind, como chamam lá. São Nicolau também é lembrado no dia 6 de dezembro. De um simples utensílio para descascar nozes e avelãs, o soldadinho de chumbo se tornou um dos enfeites mais tradicionais na Alemanha. As árvores de natal alemãs são as mais ricas em decoração, mas existem outras versões sobre a origem das decorações das árvores, como a de Martinho Lutero, o líder da reforma protestante, que teria iniciado o costume, colocando velas acesas em um abeto para explicar à família como era afetado por uma linda noite de luar.

As festas de Natal começam no dia 6 de dezembro, dia de São Nicolau. As crianças escrevem suas cartas de pedidos, que o santo troca por um saquinho de balas ou de nozes. Os presentes chegam no dia 24, à noite, trazidos por Jultomten ou, simplesmente Tomten, que puxa um grande saco de jullappar, "presentes de Natal", pela neve. Na ceia, para homenagear Santa Luzia, a filha mais velha se veste de branco, com uma faixa vermelha amarrada na cintura e uma grinalda de folhas verdes com sete velas acesas na cabeça. Também é comum encontrar pessoas com tochas acesas em procissão.

Os holandeses comemoram a festa de São Nicolau no dia 6 de dezembro, Sinterklaas, ou São Nlcilau, chega cedo à Holanda e usa roupas de Bispo, vindo da Espanha com seu cavalo branco e o inseparável ajudante Zwarte Pieten, em um barco à vapor. As crianças deixam seus sapatos de madeira bem próximos da chaminé e nunca esquecem de deixar feno, água e cenouras para o cavalo de Sinterklaas. Um livro vermelho escrito em dourado registra todas as coisas boas e ruins que as crianças fizeram, Sinterklaas entrega presentes apenas para as crianças que se comportaram.

Os chineses de Hong Kong comemoram o Natal como um festival de paz e renovação, conhecido como Ta Chiu. Nesse festival eles chamam os deuses e fantasmas, fazendo oferendas aos seus protetores. O festival termina com a leitura dos nomes de todas as pessoas que vivem naquela região. Esses nomes são escritos numa lista, fixada num cavalo de papel e queimados, na esperança de chegarem até o céu. As crianças chinesas penduram meias de musselina nas casas e esperam a visita do Papai Noel, que eles chamam de Dun Che Lao Ren, ou seja, Homem velho do Natal. Os chineses decoram as árvores com lanternas, cordões e flores de papel, conhecidas como "árvores de luz".

A festividade do natal foi introduzida no Japão pelos missionários cristãos e, durante muito tempo, a data era comemorada apenas pelos cristãos. Hoje, a grande maioria da população japonesa, não cristã, também passou a comemorá-lo. Isto se deve ao fato de que há, na cultura japonesa, uma longa tradição de troca de presentes. Um outro hábito relativo ao Natal também terminou por encontrar abrigo entre os japoneses. Como as bonecas sempre foram muito valorizadas em suas tradições, o presépio acabou também por encantar os japoneses. Há, no Japão, a figura mitológica de um monge que se assemelha muito à do Papai Noel. Ele é o Hoteiosho, um bom velhinho que como Papai Noel, também leva um saco nas costas, ele tem um segundo par de olhos na parte detrás da cabeça, e as crianças são advertidas a se comportarem bem, pois caso contrário, o Hoteiosho estará vendo tudo o que fazem.

O Natal americano é rico, literalmente - em cores, brilhos e presentes. As decorações das lojas são conhecidas no mundo todo. Nas casas, predominam enfeites com lâmpadas coloridas, bonecos de neve, velas vermelhas e guirlandas. Na véspera, vizinhos se unem para cantar Christmas Carols (canções de Natal). As crianças penduram meias na lareira e, na manhã do dia 25, abrem os presentes trazidos pelo Santa Claus. O prato típico americano é o peru recheado, acompanhado de frutas tropicais. Os americanos inventaram o hábito de dar presentes no trabalho. É o Secret Santa, conhecido no Brasil como "Amigo Secreto" ou "Amigo Oculto", no qual as pessoas não sabem de quem receberão os presentes.

Durante o Natal no México, a população aproveita não só para distribuir presentes mas para relembrar os difíceis movimentos que antecederam o nascimento de Jesus. As procissões começam nove dias antes do Natal, tempo que a sagrada família levou para cruzar de Nazaré para Belém. As crianças tentam quebrar, de olhos vendados, com um bastão, a piñata, um objeto de papel ou argila pendurado no teto, vivamente decorado, contendo, em seu interior, doces e pequenos brinquedos. Quando ela é derrubada, as crianças disputam os presentes que caem no chão.

As celebrações de Natal nas grandes capitais brasileiras, como Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, têm muita influência norte-americana, principalmente em relação às decorações iluminadas. Em pleno trópico, Papai Noel surge em meio à neve, as casas são decoradas com pinheirinhos e a ceia conta com peru, farofa e pudim. Entre as tradições folclóricas, a Folia de Reis, é celebrada em Minas Gerais e Góias. Vão de 23 de dezembro a 6 de janeiro e têm uma rica feição cabocla, oriunda da mistura entre elementos europeus e indígenas. São 15 dias de festa, onde um grupo de pessoas - a folia - vai de fazenda em fazenda, a pé ou a cavalo, visitando os presépios. Quando o grupo chega, cercado por muita festa, o líder entrega uma bandeira vermelha ao dono da casa, que a beija e a coloca junto ao presépio. Um gole de pinga serve como aperitivo para o jantar, que inclui leitoa assada, frango frito, tutu e arroz.

Assim como na maioria dos países latino-americanos, as famílias armam pequenos pinheiros ornamentados com luzes e guirlandas. Aos pés deles fica o presépio, com pequenas figuras representando o Menino Jesus, a Virgem Maria, São José, os Reis Magos, os pastores, anjos e os animais que estavam no estábulo em que ocorreu o nascimento. Muitos comparecem às Igrejas para assistir à Missa do Galo, em que se anuncia e celebra-se o nascimento de Cristo. A troca de presentes ocorre após a meia-noite.

Guia de Lendas & Tradições Natalinas

Banco Santander / 2008